A herança dos bandeirantes



Um bandeirante ou tropeiro se iniciava na profissão por volta dos 10 anos, acompanhando os adultos. O vestuário do sertanista, chapéu grande de feltro, camisa de pano forte como lona, manta que era jogada sobre os ombros com uma abertura no centro (ao estilo dos gaúchos) e botas de couro que chegavam até metade da perna para proteção contra animais peçonhentos, era fundamental para a sobrevivência nas matas e campos.



Dos tropeiros e bandeirantes herdamos muitos costumes alimentares, como toucinho, feijão-preto, farinha, pimenta-do-reino, café e fubá. Nos pousos, apreciava-se o feijão-preto com pouco molho e com muitos pedaços de carne de sol e toucinho. Esse prato ficou conhecido pelo nome de “feijão tropeiro” que, como antigamente, é servido com farofa e couve picada. A cachaça fazia parte do cotidiano desses homens, especialmente nos dias de muito frio ou para evitar a picada de insetos.

Alguns de seus principais utensílios era uma grande sacola ou baú – em que guardava suas roupas e outros instrumentos de valor; tinha uma sela cheia de instrumentos que se suspendia em pesados estribos. Costumava-se chamar de “malotagem” os apetrechos e arreios necessários de cada animal e de “broaca” os bolsões de couro que iam sobre a “cangalha” para guardar mais mercadoria.



Algumas profissões que conhecemos atualmente são oriundas do desenvolvimento das viagens sertanistas no estado, tais como a de “rancheiro” (dono de rancho) e a de “ferrador”, responsável por pregar as ferraduras nos animais das tropas e que, às vezes, também atuava como veterinário. “Peão” era todo amansador de equinos e muares à moda do sertão.


CALIXTO, Benedito. Rancho Grande (dos Tropeiros).


 CALIXTO, Benedito. Rancho Grande (dos Tropeiros).

CALIXTO, Benedito. Rancho Grande (dos Tropeiros). s.d. Óleo sobre tela, 40 cm x 60 cm. Acervo Pinacoteca Benedito Calixto, Santos (BR).





Podemos notar, portanto, a importância do movimento sertanista para o povoamento do interior do Sul, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil. Com o tempo, esses homens abandonaram a atividade de caça e venda de escravos indígenas e passaram a se dedicar ao comércio e transporte de gado.

Expressões que são uma herança que nos foi deixada pelos tropeiros:

  • “Negar o estribo”
  • “Cavalo dado não se olha os dentes!”
  • “Tirar o cavalo da chuva”
  • “Andar no cabresto”
  • “Estar de pito aceso”
  • “Amarrar o burro”
  • “Cor de burro quando foge”
  • “Procurar chifre em cabeça de cavalo”
  • “Fazer uma vaquinha”



Tropeiros

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